“Na experiência de ludoterapia, os brinquedos são como as palavras da criança, e o brincar é a sua linguagem” (Garry Landreth, trad.)
Recentemente falei sobre a urgência do brincar (clicar aqui para ler o artigo), e em como o ato de brincar é essencial ao desenvolvimento da criança.
Com base neste princípio, tem sido desenvolvida nas últimas décadas uma técnica de intervenção psicoterapêutica com características muito especiais: A Ludoterapia.
“O brincar serve simplesmente como uma ponte para a terapia” (Jeff Cochran, trad.)
A Ludoterapia é um método de intervenção do âmbito da saúde mental, recomendado para crianças entre os 3 e os 12 anos de idade. Pode haver ligeiras variações na idade recomendada, de acordo com as características individuais da criança.
Em que consiste a Ludoterapia?
A Associação de Ludoterapia (2008) define a Ludoterapia como “o uso sistemático de um modelo teórico para o estabelecimento de um processo interpessoal em que os terapeutas habilitados usam o poder terapêutico do ludo para ajudar os clientes a prevenir e resolver dificuldades psicossociais e atingir um crescimento e desenvolvimento ótimo”.
Todo o trabalho desenvolvido em Ludoterapia se centra no Brincar. O ludo (jogo, brincadeira) é o veículo para chegar a conteúdos emocionais da criança, que dado o seu estádio de desenvolvimento, dificilmente podem ser acedidos de outra forma. Brincar é o principal meio de comunicação da criança, e a ludoterapia pode ser um processo de autodescoberta com impacto muito significativo.
Em que situações se aplica?
A Ludoterapia destina-se a uma enorme variedade de situações, em especial nos casos em que se identificam défices a nível emocional ou social, como por exemplo:
- Exposição a vivências traumáticas ou de grande stress;
- Crises familiares;
- Comportamentos sociais agressivos ou oposicionistas;
- Luto;
- Elevada introversão;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Perturbação do espetro do autismo;
- Ansiedade ou depressão;
- Défice de Atenção e hiperatividade.
Pretende-se uma melhoria progressiva ao nível das áreas problemáticas, aumento da capacidade de resolução de problemas e melhoria no relacionamento interpessoal.
Como decorrem as sessões?
As sessões decorrem num ambiente lúdico mas estruturado cuidadosamente para o efeito terapêutico. Tem como base dois aspetos essenciais:
- A “mala de ludo”: Nome atribuído ao conjunto de brinquedos que deve ser disponibilizado para as sessões. Trata-se de um conjunto específico de materiais, previamente definido. E, na verdade, nem todos cabem dentro de uma mala.
- A relação terapêutica com a criança: O mais desafiante neste processo é o desenvolvimento de uma relação terapêutica com a criança, que lhe permita levar a cabo o seu processo de descoberta e crescimento. A atitude do terapeuta neste processo é bastante diferente do que acontece noutras metodologias de intervenção, sobretudo porque deve ser muito mais atenta e menos diretiva.
Não se trata de uma intervenção de curta duração, nem é possível prever num primeiro momento o número de sessões a desenvolver. Em média, após uma avaliação inicial, são desenvolvidas cerca de 20 sessões. É necessário que a criança realize o processo no seu próprio tempo, já que acelerá-lo artificialmente pode colocar todo o trabalho em causa.
A Ludoterapia faz parte da oferta das consultas de Psicologia que disponibilizo. Para marcação de consulta ou mais informações, contacte-me pelas vias habituais:
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Bibliografia
Bray, B. (2018). The therapy behind play therapy. Couseling Today. Versão eletrónica consultada a 10 de maio em https://ct.counseling.org/2018/08/the-therapy-behind-play-therapy/
Homeyer, L. Morrison, M. (2008). Play Therapy Practice, Issues, and Trends. American Journal of Play, Fall 2008, 210-228.
Play therapy. Website Psychology Today, consultado a 10 de maio em https://www.psychologytoday.com/intl/therapy-types/play-therapy
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